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Atletas de elite e medicina regenerativa
Medicina Regenerativa

Medicina Regenerativa na Ortopedia: da elite esportiva ao consultório moderno

Por Dr. Lucas Almeida Ribeiro • Ortopedia, Dor e Regeneração Tecidual

Durante muitos anos, terapias regenerativas como PRP (plasma rico em plaquetas), BMA (aspirado de medula óssea) e SVF (fração vascular estromal) eram restritas a um pequeno grupo: atletas de elite e pacientes acompanhados em grandes centros de medicina esportiva. O motivo era simples: demanda alta, custo elevado, equipamentos restritos e pouca padronização científica.

Nomes como Cristiano Ronaldo, Rafael Nadal, Serena Williams e Kobe Bryant utilizaram essas técnicas para tratar lesões musculares, tendinopatias e desgaste articular, conseguindo reduzir tempo de afastamento e prolongar sua vida competitiva.

Mas o cenário mudou — e de forma radical.

A evolução científica que tirou a medicina regenerativa da elite e levou ao consultório moderno

O que antes era visto como experimental passou, ao longo da última década, a ser objeto de estudos controlados, protocolos bem definidos e grande padronização técnica.

Os pilares científicos dessa mudança:

Com mais segurança, evidência e padronização técnica, essas terapias se tornaram adequadas — e acessíveis — para o paciente comum.

O que essas terapias realmente fazem dentro da articulação

É fundamental desfazer o mito de que PRP ou BMA “regeneram” cartilagem no sentido literal. O que acontece é mais sutil — e biologicamente muito mais relevante.

É fisiologia aplicada, não um milagre biológico.

Como isso se traduz na prática clínica

Os benefícios são consistentes em pacientes com:

A melhora da dor costuma ocorrer em semanas; já as mudanças estruturais surgem ao longo de meses.

Evidências mostram que essas terapias podem reduzir a necessidade de cirurgia ou postergar intervenções maiores.

Medicina responsável: indicar certo, na hora certa

A medicina regenerativa não é para todos, nem deve substituir cirurgias necessárias. A indicação depende de:

Quando aplicada com critério, é uma ferramenta poderosa. Quando mal indicada, perde valor.

Um novo capítulo da ortopedia: menos bisturi, mais biologia

A medicina regenerativa preenche o espaço do paciente com dor e degeneração inicial a moderada, que deseja evitar cirurgia e tem grande potencial de melhora com terapias biológicas.

A ortopedia moderna caminha para:

O que antes era exclusivo de atletas milionários agora está acessível para qualquer pessoa que busca movimento, autonomia e menos dor.

Se existe uma possibilidade real de aliviar dor e recuperar função sem bisturi, vale conversar sobre isso.

Referências bibliográficas

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  2. Chahla J, et al. Bone Marrow Aspirate Concentrate in Orthopedic Surgery. Arthroscopy. 2016.
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